quinta-feira, 12 de junho de 2014

Conjunção

Se eu tinha tempo pra remoer,
eu tinha tempo de parar na janela
e ver as nuvens voando
como grandes dragões brancos

Eu tinha tempo pra ver a cidade
por onde me jogo sorrateira
no plano dos precipícios
da garganta
difícil mesmo é perguntar
por quê a gente esquece
de agradecer

Suspeitava que da segunda vez
as pérolas jorrassem
feito cascata
mas a noite era comum
e o termômetro que não existe
na esquina da rua Oriente
marcava 20ºC

Todos os poetas
(especialmente aqueles nascidos
com o Sol posicionado sob um
dos signos cardeais)
sentem a paixão no dorso
como um catavento
que nos rodopia
e nos atira
ao mosaico do caos;

portanto é inevitável
desenhar formas geométricas
na rabiola dos versos.

Tantas pedras descascadas
tantos rios esculpidos
muitas nuvens fugitivas
até que os insetos
estivessem prontos
pra iluminar
a renúncia das rédeas.

É isso.
A vida deve se enfeitar.

Só prometo o seguinte
amanhã, 13 de junho,
eu vou colocar o bilhete
escrito em letra de fôrma
pessoalmente na mão do santo:
pra que ele rogue
liberdade
a todos os nossos dias.

Enquanto isso,
vamos em frente.

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