quinta-feira, 24 de julho de 2014

Vivas e Vivas À Ariano



Na manhã de sol com nuvens
À caminho da praia
Foi que recebi notícia
Da sua retirada
Muito sentida eu fiquei
Com as capas dos jornais
Que lamentavam a perda
De mais um dos imortais
Quantas risadas gostosas
Eu tenho na lembrança
De João Grilo e Chicó
Aventurando nas andaças
Lembro também do avarento
Devoto de Santo Antônio 
Que se embolou todinho
Com a porca dos seus sonhos
O Nordeste que nos veste
Do Rapadura ao Chico Science 
Do maracatu ao coco
Embolada é quem nos traz
Gravado em xilogravura
Movimento armorial
Valoriza o que é nosso
Faz o gringo pagar pau
Um cortejo de cordel
Sei que o céu tá preparando
Jesus Cristo no repente
E os anjos acompanhando
Não tiveste medo da morte
Viveste a vida com bravura
Mas a tua maior mágica
Criaste na literatura
Então me despeço com ternura
Pra tristeza espantar
Viva Ariano Suassuna!
Pernambuco é o lugar!

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Falar o quê?
Não é segunda feira
pra mandar rezar
missa para as almas
é quinta
a enxurrada tem o peso
das fomes passadas

O café da manhã
teve gosto de atraso
Entre o iogurte
e o queijo brie
Pesou mais o amargo
do café
pingando na xícara
o refluxo da humilhação
Há feridas que não
evaporam com a chuva

No dia da ressaca
eu declarei sem pudor
_Te amo!

Mas o amor
não ampara
as faíscas soltas

"Eu também te amo!",
Disse você em silêncio
porque sente medo também

Falar o quê?
Que os gestos esmurram
a parede?
Que os jornais
são insetos
mortos ao fim do dia?
Que o corpo está frio
e a mente vaga em sombras?

Prefiro deixar em branco

Agora
mais que éter
é preciso chão