Os dias nublados
no Rio de Janeiro
são como os poetas escrevem:
pétalas envelhecidas.
O vento que canta aqui
é o vento que lameia lá
nas águas de um Capiberibe
atormentado pela surdina.
Ecos espalhados ao léu
o fim guardou a ribanceira
Não dão voz ao silêncio
Ouve-se só a notícia
E quem um dia sonhou
em ser o menino
que virava o avô
viu o céu virar faísca
De pés fincados ao eixo
Olhe em frente
É preciso chão
Mesmo que a aterrissagem
custe um sopro de vida