quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O menino e o avô

Os dias nublados
no Rio de Janeiro
são como os poetas escrevem:
pétalas envelhecidas.

O vento que canta aqui
é o vento que lameia lá
nas águas de um Capiberibe
atormentado pela surdina.

Ecos espalhados ao léu
o fim guardou a ribanceira
Não dão voz ao silêncio
Ouve-se só a notícia

E quem um dia sonhou
em ser o menino
que virava o avô
viu o céu virar faísca

De pés fincados ao eixo
Olhe em frente
É preciso chão
Mesmo que a aterrissagem
custe um sopro de vida