Verde e amarelo não pagam
as contas atrasadas
os juros do cartão de
crédito
o bacon quase passado
comprado no Mundial
a batata doce orgânica
a Stella inflacionada.
Verde e amarelo não
entopem os livros
não retorcem os gestos
não mudam o passado
nem esfacelam o presente.
Verde e amarelo não valem
a camisa
que a CBF faz questão de
surrar
após tantas glórias
marcadas
em campos esverdeados
que agora só servem para
cenário de selfies.
Verde e amarelo soam
originais
quando encontram o
vermelho
o sangue da carne tanto
derramado
nas esquinas nas ruas
esburacadas nas celas
pelos catálogos de armas
de Israel
que chegam nas favelas
igual revista da Avon.
Verde e amarelo não enchem
barriga de ninguém
que vive a bater panelas
porque a comida está
congelada
à postos pra quando a
barriga doer.
Verde e amarelo só serve
pra rimar
com uma porta dois
martelos
que a gente vai usar pra
quebrar
o financiamento privado
em mil pedacinhos
e depois juntar de novo
como um Lego que
todo mundo pode brincar.
Verde e amarelo não são
utopia.